ibero americano de urbanismo 2014

Introdução aos temas do Congresso

Introdução
Desde os anos 50 que o urbanismo evolui no sentido de atender ao território no seu todo, tratando os diversos usos do solo numa perspectiva interdisciplinar e estabelecendo uma relação comunicacional e activa com as populações, os seus representantes políticos e as instâncias técnicas e administrativas.
O planeamento do território, tendo na sua base a concepção e construção das estruturas físicas que suportam as actividades económicas e a vida social, em geral, é cada vez mais convocado a integrar preocupações e a dar resposta a necessidades que transcendem a estrita dimensão material dos espaços. Neste contexto, o urbanismo requer métodos e instrumentos dinâmicos para responder, com múltiplos critérios, a problemas e objectivos diversificados e interesses em conflito.
Sem perder a tradição e as luzes do urbanismo clássico, com os seus planos-imagem e as suas ideias por vezes utópicas, é necessário desenvolver a base teórica e trabalhar em novos conceitos e doutrinas, estruturando um pensamento que ajude a conceber e resolver, com harmonia, a relação da sociedade com o território.
 
TEMA 1: Ordenamento do Litoral
Os espaços do litoral atraem as populações e as actividades económicas, em particular o turismo. Em Espanha cerca de 40% da população concentra-se no litoral e em Portugal esse número é da ordem dos 60%. Em resultado desta pressão geográfica, a partir dos anos 70, surgiram políticas específicas para o ordenamento urbanístico das orlas costeiras, questão que se mantém actual.
Convocam-se os profissionais do urbanismo para desenvolver e debater ideias sobre a integração da urbanização concentrada no litoral, tendo em consideração as suas localizações e desenvolvimentos relativamente à frente marítima. A extensão, a forma e as descontinuidades dos aglomerados urbanos no cordão litoral devem manter o equilíbrio com os espaços silvestres e agrícolas, observando a singularidade dos sítios, de modo a conciliar a preservação de valores naturais com o desenvolvimento socioeconómico, principalmente quando este se alicerça na fruição daqueles valores.
 
TEMA 2: Valorização dos Espaços Agrícolas e Florestais
A civilização urbana caracteriza-se por ter uma consciencialização e apropriação global do território, sendo chamada a usar, explorar e tratar os espaços silvestres, agrícolas e urbanos. Cumpre ao urbanismo compreender a lógica inerente ao regime florestal com os seus ciclos de longa duração, assim como as exigências do sector agrícola, onde a escala, o rendimento e a competitividade são factores determinantes para a sustentação das explorações agrícolas.
O ordenamento agroflorestal passou a ser matéria tratada pelo urbanismo nas vertentes do desenho e modelação dos campos, da sua compartimentação, da construção fora dos perímetros urbanos e dos níveis de infraestruturação e da expressão estética do meio rústico.
 
TEMA 3: Paisagem e Património
A paisagem como espaço arquitectado e o conceito de belo natural são recentes e devem-se a movimentos da pintura, onde se destaca Claude de Lorraine, John Constable e ao génio dos construtores de parques que apareceram a partir do Séc. XVII como Le Nôtre com Vaux-Le-Vicomte, Humphry Repton, Hermann Von Pückler e Frederick Olmsted, entre outros. A qualificação dos espaços territoriais, seja na singularidade da imagem dos conjuntos arquitectónicos das urbes seja na expressão cénica dos campos agrícolas e dos perímetros florestais, é um desafio cultural cujos resultados dependem da sensibilidade estética e funcional do urbanismo no seu encontro com a arquitectura paisagista.
O conceito de património cultural aplicado ao espaço arquitectado, seja o edificado, seja o dos campos panorâmicos e da paisagem, é um conceito recente que se estrutura e afirma a partir dos anos 70 com desenvolvimentos e aplicações importantes nas políticas de reabilitação e salvaguarda. 
 
TEMA 4: Conceitos Inovadores para o Urbanismo
O urbanismo é um saber essencialmente prático, quase empírico, e cujo mérito depende de uma intuição estética intimamente associada à linguagem do desenho arquitectónico. Com a crescente complexidade das relações sócio-territoriais, o urbanismo não prescinde de uma base teórica, conceptualizada com rigor lógico e disciplinador do trabalho das equipas interdisciplinares chamadas a operar, de forma significante, sobre a configuração e gestão dos planos territoriais.
Os planos tradicionais, na sua rigidez estática, tornam-se problemáticos, sendo necessário inovar na elaboração de planos-processo trabalhados de uma forma continuada e aberta às mudanças e às exigências que se apresentam em tempo real.

 
Sidónio Pardal
Professor, Urbanista e Arq. Paisagista

Voltar Imprimir O seu email não é valido
Apoio
Organização
Participação Académica
Secretariado
2014 © CIU All Rights Reserved
Última actualização 2015-01-21